1 de julho de 2013

Delonga chegada!

Estou cansado. Muito cansado.

Parece que o mundo parou de girar. Ele agora está inerte.

Me sinto um parasita inebriado por um vapor de veneno borrifado por alguém que não me queria por perto.


Tudo está calmo, porém nebuloso. Obscuro.


Sou como um maratonista que foi o último a cruzar a linha de chegada.

Sem ninguém para me consolar. Ninguém para me oferecer um gole d'água para saciar minha sede.

Todos se foram. Foram todos aplaudir aos vencedores. E eu, o último, estou a mercê da própria sorte.

Se a vida foi feita para vencedores, não foi feita pra mim. Estou de passagem, como todos, mas minha poltrona é desconfortável.

Longe de qualquer visão panorâmica da beleza da estrada. Resta-me apenas esperar o ponto final.

A descida desse transporte, que nenhum prazer me ofertou senão a esperança da chegada.

Óh, bendita e delonga chegada!

9 comentários:

  1. Sergio,

    Quanto a receber um gole d'agua para saciar sua sede, um ombro amigo para lhe consolar, sabe... ainda sou sua Fada_miga.

    Quanto ao transporte apertado, suado, demorado,.... afff.... quem colocou tanta gente nas grandes metrópoles?! rsss

    Saudades de voce,

    Hoje acordei pensando em voce!

    Bjs

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    1. Pensando em mim? Foi sensitivo?

      Obrigado querida fada, sempre doce!

      Um forte abraço!

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  2. Sérgio,

    Vencedores abrem o coração, admitem as decepções e frustrações impostas pela vida ou por pessoas que cruzaram a nossa caminhada.

    Vencedores não sentem medo de se expor. São sinceros, transparentes. Às vezes dizem palavras duras para os outros, em especial para os amigos. Outras vezes, falam duro consigo mesmos, ainda que a realidade revele que se cobram demais ou além da conta.

    Vencedores perdem batalhas pequenas, como um tropeção que arranca a unha do dedão. E perdem batalhas grandes. Essas, sim, ainda que sobrevivam, com respiração ofegante; abatidos... Contudo, não desprezam o dom maior, que é a vida.

    Como bom jornalista, você escreveu do jeito que sabe fazer, algo que só um vencedor teria coragem de escrever.

    Como amigo, e alguém que milita o evangelho de Jesus Cristo - Ele me deu uma oportunidade de vencer uma batalha [parte dela você acompanhou à distância: 8 cirurgias na coluna] e, em sobrevivendo, colocou-me de volta no pastoreio.

    Receba com carinho estas palavras de Jesus: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mat. 11:28-30)

    Abraço do amigo,

    Antonio Regly

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    1. Mesmo a distância acompanhei sua luta, meu amigo, bem sei do vencedor que é.
      Obrigado pelas palavras, nem sempre doces, mas sempre úteis, como devem ser as palavras de um amigo. Desta vez foi doce e intimamente útil.

      Um forte abraço!

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  3. "Tudo está calmo porém nebuloso"..."Se a vida foi feita para vencedores, não foi feita por mim" ( porque eu não gosto de ficar competindo o tempo todo..) estas tuas frases me fizeram lembrar sentimentos meus, conhecidos. A sensação de quem "entregou os pontos" é tão forte aqui, que dá pena..não se ofenda, pois digo isto com o maior carinho e quero dizer que às vezes a gente chega mesmo a um ponto que não queremos mais lutar,apenas queremos nos deixar ficar. É sim, cansamos de nos debater. É aí que, penso eu, a gente começa a sentir compaixão..de nós mesmos, dos sonhos que sonhamos em vão..e de outros como nós. É quando a gente queria um abraço que nos pudesse aconchegar.
    Gostei muito do comentário do Antonio, porque é neste ponto mesmo que, ao nos sentir assim sozinhos,talvez a gente entregue as coisas de nossa vida a Deus, e peça a ele que nos ajude a encontrar em nós o antigo amor e gratidão pela vida que recebemos mesmo sem exigir muito dela,pedimos que possamos reencontrar a fé, o prazer de ver o que de bom ainda existe. Então talvez a gente possa ter flashes da alegria singela das pequenas coisas. E então, a gente fica de novo "manso de coração". Para mim, foi a saída...penso que é a única. Desejo isto a todos que sintam o que seu escrito transmite.Bem quisera eu, que não fosse você, meu amigo.
    E torço por você, para que encontre a fonte que mate sua sede.
    Abraço de sua amiga,sempre, Vera.

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    1. Tens toda razão, minha querida! Torçamos juntos por todos como nós.

      Um forte abraço!

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  4. Prezado Sérgio,

    sei que não me conhece, mas ao ver tal postagem não pude conter a comparação com Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Pessoa que tenho certeza que conhece).
    Campos era um crítico da cidade, filho da modernidade e com isso, a adorar e padecer de seus males.

    Em parte lembra-me: Poema em Linha Reta... Agudo e certeiro na alma humana.

    Abraços cordiais.

    Francis

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    1. Não me compares a Pessoa, Arre! rs*

      Obrigado, minha querida. Gostei muito do seu blog.

      Um forte abraço!

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  5. Sérgio! quanto tempo amigo!!! . Diria sobre este texto que, embora tão vazio de esperanças pessoais, tem ainda o sopro dos prazeres da 'chegada'. Antes assim. beijos

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