15 de abril de 2010

O crescimento da fome no mundo

Em seu último relatório, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) estima que o número de famintos deve ultrapassar 1 bilhão de pessoas em todo planeta até 2015. O maior já registrado na história.

Enquanto o número de famintos cresce, o número de habitantes (humanos) no planeta também.

Em quase todas as contituições, dentre todas as nações, existe a claúsula, na maioria pétrea, de que o Estado deve garantir a dignidade da pessoa humana. Acordos internacionais reforçam tal concepção. Mas já está mais que comprovado que não importa o tamanho da taxa de impostos, os países não conseguem dar essa garantia. Quando não é a corrupção que assola, são as limitações da própria população em pagar os tributos.

Em janeiro, quando o Haiti foi devastado por um violento terremoto que deixou mais de 200 mil mortos. A comunidade internacional se mobilizou rapidamente e as doações financeiras alcançaram patamares jamais vistos para uma catástrofe do tipo.

A verdade é que a ilha do Caribe já precisava de ajuda muito antes do terremoto. Colonizado pela Espanha e pela França, ocupado pelos Estados Unidos e exaurido por ditadores sanguinários, o país mais pobre das Américas tem o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) daquela região, aparecendo no 149º lugar da lista do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) do ano passado. A lista tem 182 países.

Criado em 1990, o IDH é uma medida comparativa do desenvolvimento humano que leva em conta fatores como o PIB per capita, alfabetização, educação e a esperança de vida. A Noruega ocupa o topo do ranking, enquanto o Níger aparece no último lugar. O Brasil é o 75º da lista.

Esses países só são lembrados quando são feitas estatísticas que tratam da fome ou quando uma grande tragédia acontece.

Diante desses dados me ponho a pensar que não existe mais a possibilidade de criar qualquer plano econômico no globo terrestre que absorva tanta gente. Não existe terra no planeta para plantar o suficiente para dar o que comer pra tanta gente. Afinal, não basta dar alimento, é preciso dar segurança alimentar, ou seja, de nada adianta comer agora se o cidadão não tem a menor noção de quando será sua próxima refeição.

Será que já não passou da hora de haver uma política de controle de natalidade ou controle familiar, que pra mim é a mesma coisa, mais eficaz? Quando digo eficaz, não estou a defender o aborto, mas a prevenção e, acima de tudo, a conscientização de que não se pode ter um filho se não há como sustentá-lo com o mínimo de dignidade.

Religião a parte, estou cada vez mais convencido de que temos que reproduzir menos. Disso depende a própria subexistência da espécie humana.


18 comentários:

  1. E por incrível que pareça quanto menores condições financeiras mais se filhos!
    Conscientização é um fator essencial... Parabéns pelo texto!

    ResponderExcluir
  2. Nem tudo que a gente ouve...É verdade.
    O presidente disse que o pobre do nosso país nao passa mais fome. Ele nao ensina a pescar, mas o dá o peixe todo mês. (bolsa familia etc)

    abçs

    ResponderExcluir
  3. Caro Sergio,
    Tá certo...
    Eu tenho a certeza que você pensou uma coisa, mas escrevu outra.
    É isto?: Para salvar o Planeta e a nós mesmos, daqui pra frente só pode nascer filhos dos "mais" e dos "mais ou menos favorecidos".
    Quanto aos outros, não precisam vir ao mundo?
    Tá legal. Seremos um mundo melhor com pessosas ricas, mais ou menos ricas, e mais ou menos clase média.
    A questão não é quem, e de que classe deve nascer.
    A questão é: Defendemos ou não, globalmente, a distribuição das riquezas, dos bens dos meio de produção, o acesso aos serviços (em todos os níveis).
    Se não, por esta lógica, como a maioria que em tese não pode sustentar filhos, é de negros (Brasil, Africa e hispânicos, teremos um mundo mais branquinho...e mais
    Não acredito. Tenho certeza que você não pensa assim.
    A dominação que assola o mundo, é de ordem econômica. Quem domina economicamente, domina politicamente. Então qual a saída? Dividir as riquezas. E O Brasil, na atualidade, é um exemplo disto. Não é por acaso que se tornou referência mundial nesta área.
    Há outras formas de resolver sim.
    Estamos comprovando isto nestes últimos 08 anos de governo Lula.

    ResponderExcluir
  4. Ah!
    Faltou o meu abraço para você.
    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  5. Olá Beth,
    Me desculpe se não fui claro o suficiente no texto.

    Acredito que estamos, e tende a piorar, num patamar onde não importa o quão eficazes sejam as políticas economicas.
    Com o número de habitantes hoje no planeta, perceba que me refiro de maneira global, a distribuição de renda por mais bem intencionada e eficaz, não poderá por si só eliminar a fome. Evidente que é importante que todos sejam iguais, que tenham a mesma qualidade e dignidade de vida, mas imagine se todo o planeta consumisse o que EUA e China consomem hoje? Em muito menos tempo que posssamos imaginar, não existiria planeta.
    Toda a espécie onde há superpopulação, há fome. Não é um problema meramente economico. Ao menos assim o vejo.
    Portanto, não é que somente ricos ou de classe média possam ter filhos. É um problema generalizado.

    Espero ter esclarecido um pouco mais como penso.

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  6. Realmete impressinante e alarmante, e o numero se perde em grandiosidade, pois desconhecemos os limites verdadeiros.
    Abraços forte

    ResponderExcluir
  7. O controle da natalidade é quase um tabu na sociedade brasileira, por vários motivos, entre eles os religiosos.

    Mas como você diz no texto, Sergio, "religião a parte", o governo precisa buscar meios de implantar um sistema de controle de natalidade. Sabemos que a taxa de filhos atual por mulher no Brasil está caindo e não estaremos muito longe da realidade se aceitarmos o valor de 2,2 filhos/mulher.

    Nas camadas mais pobres, porém, essa taxa é bem maior, o que demonstra com clareza que pobreza, falta de educação e falta de métodos contraceptivos estão na raiz do problema de natalidade.

    Qualquer pessoa de média inteligência não tem qualquer dúvida de que o crescimento desordenado da população, sem controle ou planejamento, causam e continuarão causando problemas gigantescos e insuperáveis, como falta de moradia, a degradação do meio ambiente, o aumento da criminalidade, a exclusão social e os distúrbios urbanos, entre outros.

    A única justificativa para a manutenção do atual estado de coisas soa absurda aos meus ouvidos e consciência de cidadão: não controlar a natalidade e deixar crescer a população de miseráveis pode ser um meio seguro de manter o poder político. Afinal, a ignorância e o manuseio de consciências através das esmolas sociais, temos visto nos últimos, ao menos no Brasil, são fórmulas insuperáveis no sucesso das disputas eleitorais. Deus queira que eu esteja errado!

    ResponderExcluir
  8. é muita gente pra pouco espaço! Os padrões de consumo ainda pioram as coisas, e assim mais famintos surgem.
    Complicado resolver isso...

    ResponderExcluir
  9. Oii meu amigo Sergio

    Tambem sou a favor do controle de natalidade, visto que as pessoas que mais passam fome,são as que tem mais filhos.O maior absurdo que com esse numero tão grande de pessoas que passam fome, existem tambem um numero imenso das pessoas que tem comida demais e ainda por cima desperdiçam.
    Bjs

    ResponderExcluir
  10. Olá Sérgio,

    Parabéns por mais esta excelente crónica!
    Eu penso que a fome tem também muito a ver com a má gestão que os países "ricos" fazem das ajudas aos países pobres. Essa questão tem a ver com aquele provérbio chinês: se vires um homem com fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar.

    Penso que embora as ajudas humanitárias sejam urgentes e importantes, há que investir nas infra-estruturas desses países, para que as populações comecem a gerar riqueza. Penso que é muito difícil tirar esses países da miséria oferecendo diariamente um prato de sopa; melhor seria que as ajudas se centrassem em criar condições para que se pudessem plantar espinafres.

    Quanto ao controle de natalidade, eu sou totalmente a favor, mas ele não resultará se não houver condições para "educar" as populações e "educar" passa pela criação de infra-estruturas. É uma pescadinha de rabo na boca, como dizemos por aqui!

    Grande abraço
    Luísa

    ResponderExcluir
  11. Em questão da natalidade prefiro não argumentar, o que acontece no mundo de hoje é falta de esforço, vontade dos governantes em fazer algo, e também como a Maria Costa disse há muitos que tem de sobra o que comer e desperdiçam, enquanto milhares passam fome. Mobilizações é o que não faltam, mas para que a fome no mundo acabe precisa dos governantes tomarem atitudes e dar mais valor a essas coisas, pois hoje é o que mais se trata na ONU, segundo as ultimas noticias publicadas. É algo que acabamos ficando indignado, cada um tem sua ideia, se dependesse ia ficar digitando a noite toda, mas será que vai servir pra alguma coisa? Sem querer criticar toda vez que vou comer algo agradeço e abençou o alimento e peço p/ aqueles que não tem um dia possa ter, numa oração em particular minha, mas fico pensando; Deus sozinho não faz milagres, Deus não pode realizar suas ações sem um sequer esforço nosso... Ah é isso...

    ResponderExcluir
  12. QUE POST FANTÁSTICO!
    AMIGO SÉRGIO, o seu artigo é uma moldura entalhada de um quadro que assola o mundo. Independente do poder econômico, a media população do hoje, é a grande do amanhã, a super população de hoje é a hiper depois de amanhã e assim vai. Assim sendo, um dia virá que será humanamente impossível atender a todos. A não ser que resolvam criar uma raça alimentada por cápsulas vitamínicas, -o estomago ficará atrofiado e a cabeça crescerá- se bem que existem alguns que já fizeram essa opção.
    Eu comungo com a sua linha de pensamentos.
    Parabéns por mais um excelente post!
    Abraços fraternos,
    LISON.

    ResponderExcluir
  13. Olá Sergio
    Enquanto a fome cresce no mundo inteiro, o Brasil é o país que mais joga comida no lixo. É um absurdo que as pessoas não tenham o mínimo de consciência espírito humanitário.
    Um abraço

    ResponderExcluir
  14. Infelizmente, nas regiões mais remotas do país onde a pobreza e o números de filhos é maior, ainda há quem pense que um filho a mais, é mais um pra ajudar no trabalho.
    Combater isso tem que deixar de ser propaganda na TV e distribuição de camisinha. Ninguém lembra disso na hora do "bem-bom".
    Tem que haver movimento intenso na tentativa de mudar de vez a cultura do brasileiro. No modo de vermos a vida.
    Tem que haver punição severa para pais que tem filhos fora da escola. E por que não, para pais que não dão o mínimo de condição de vida para seus filhos. Mas lógico, depois de instruí-los corretamente. E isso começa já na infância. em que dar educação, não tem jeito. É tapando buracos que nós não chegamos à lugar nenhum ao longo de décadas. É por preguiça de fazer algo a longo prazo, que o futuro imaginado nunca chega.

    ResponderExcluir
  15. Sergio, eu li recentemente que no Brasil ninguem morre mais de fome. Não deveria, tanta sobra de comida que vai para a lixeira. Ate eu mesma descarto tanto alimento que serveria para muita gente. Só que não concordo, creio que no interior existe muita pobreza, ao menos, pessoas que vem do norte dizem. Eu tenho uma diarista que eu levei um susto depois de reve-la uns 5 meses desde a chegada ao Rio. Da pessoa envelhecida, com pele sofrida, feia, magra demais, ela se transformou numa jovem e bela moça. Por isso ninguem quer voltar para norte e nordeste. E o que falaremos do resto do mundo?!

    ResponderExcluir
  16. SISSYM... Pelo registro de óbitos, não se morre de fome no Brasil. De certa forma, o registro tem razão: não é o jejum absoluto que provoca a morte, mas é ele que deixa a população biologicamente vunerável. Uma doença que para indivíduos hígidos parecesse banal, para os famintos podem ser fatais, ou seja, essas fatalidades são consequências de uma alimentação insuficiênte. Então, seria correto afirmar que no Brasil ninguém morre de fome? Se aprofundarmos, veremos que não é bem assim, porém é vergonhoso saber que isso ocorre não por falta de comida, mas por um espectro de interesses ecônomicos.
    Sérgio, Parabéns pelo post. Fascinante!! A fome é um problema que afeta não apenas o faminto (óbvio que este é quem mais sofre), mas a própria sociedade. A fome afeta a capacidade de aprendizagem de crianças, ou seja, a criança faminta de hoje é o trabalhador desqualificado de amanhã que será pessimamente remunerado e dessa forma, cresce a desigualdade social.

    ResponderExcluir
  17. SISSYM... Pelo registro de óbitos, não se morre de fome no Brasil. De certa forma, o registro tem razão: não é o jejum absoluto que provoca a morte, mas é ele que deixa a população biologicamente vunerável. Uma doença que para indivíduos hígidos parecesse banal, para os famintos podem ser fatais, ou seja, essas fatalidades são consequências de uma alimentação insuficiênte. Então, seria correto afirmar que no Brasil ninguém morre de fome? Se aprofundarmos, veremos que não é bem assim, porém é vergonhoso saber que isso ocorre não por falta de comida, mas por um espectro de interesses ecônomicos.
    Sérgio, Parabéns pelo post. Fascinante!! A fome é um problema que afeta não apenas o faminto (óbvio que este é quem mais sofre), mas a própria sociedade. A fome afeta a capacidade de aprendizagem de crianças, ou seja, a criança faminta de hoje é o trabalhador desqualificado de amanhã que será pessimamente remunerado e dessa forma, cresce a desigualdade social.

    ResponderExcluir
  18. isso é muito importante para as criança se concientizarem do que esta passando pelo mundo.
    taylanna dos anjos

    ResponderExcluir