6 de janeiro de 2010

O mundo gira e não adianta pedir para descer que ele não para!

Como gerenciar mudanças e antecipar o inevitável

Terminar um casamento, trocar de emprego ou profissão, ser transferido para outra cidade de repente, ou, até mesmo, mudar a atitude com relação a algum fato da vida... Quem nunca se sentiu amedrontado diante de uma mudança radical que está prestes a acontecer? As mudanças são processos inevitáveis, que podem ou não depender de nossa vontade. Mas como lidar com as mudanças da melhor maneira possível, tirando proveito da novidade, e, mais ainda, como ser uma pessoa capaz de provocar a mudança, antecipar-se a ela?

O psiquiatra e nutrólogo, Frederico Porto, que atua como Integral Performance Coach e há mais de 15 anos dedica-se ao estudo do desenvolvimento humano, explica que vivemos em um mundo onde a quantidade e rapidez das informações fazem com que as mudanças em nossas vidas sejam cada vez mais rápidas e intensas. Ele acredita que isso aumenta a sensação de desamparo e confusão nos indivíduos, dificultando ainda mais a maneira como lidam com o novo:

- A rapidez e a intensidade das mudanças do mundo atual geram uma pressão enorme sobre todos nós, pois mudar é algo que sempre tentamos evitar, ainda que em vão. Somos animais de hábitos, ou seja, desenvolvemos hábitos, colocamos a vida no automático e criamos uma "zona de conforto". Todas as vezes que temos de sair desta "zona de conforto" sentimos medo, uma emoção que sinaliza que algo que valorizamos pode estar em risco.

O especialista complementa ainda que, até mesmo quando a mudança é boa, tendemos a sentir medo, ou o chamado "friozinho na barriga", e alerta que devemos ter cuidado, para que o medo da mudança não seja tão grande a ponto de causar no indivíduo uma autossabotagem.

Segundo Frederico Porto, o que nos assusta e causa insegurança, no entanto, não é somente a mudança em si, que é um processo externo; mas sim, o processo de adaptação a essa mudança, denominado transição, que é um processo interno. "Uma mudança começa com algo novo, a transição começa com o término do velho, com o fato de que a pessoa tem que abrir mão do passado. Os indivíduos resistem à transição e não à mudança em si. Até quando as mudanças são para melhor, passamos pela transição", explica.

Frederico Porto ressalta, ainda, que, para lidarmos melhor com o novo, devemos nos preparar antecipadamente para as mudanças, em vez de ficarmos apenas à mercê do que acontece ao nosso redor, das imposições do mundo:

- Devemos ser pessoas pró-ativas, já que o ideal é que as mudanças sejam feitas por escolha e não por falta de opção. Para ser pró-ativo, é preciso estar atento aos sinais de que é hora de mudar, por meio de constante reflexão, busca de autoconhecimento e compreensão do mundo ao redor. Por exemplo, terminar um casamento quando ele não vai bem, antecipando um fim ainda mais doloroso; tirar os filhos da escola quando vislumbra algum percalço futuro ou, ainda, como profissional, buscar aprender outra língua ou fazer uma pós-graduação, antes que seja obrigado. Dessa maneira, o indivíduo aumenta o controle sobre o processo e não se torna vítima dele. Além de, claro, não ser pego de surpresa pelas circunstâncias.

Mas não é só isso. De acordo com Frederico Porto, alguns artifícios devem ser usados por quem deseja não só lidar bem com as mudanças inevitáveis da vida, como também ser capaz de promovê-las em benefício próprio:

- Para lidarmos com a mudança com jogo de cintura, devemos ser positivos, buscando sempre algo de bom em tudo que nos acontece. Ter flexibilidade, tentar avaliar a situação por diferentes prismas, é outra grande carta na manga para quem quer lidar com a novidade e tirar proveito dela, ainda que em primeira instância ela não pareça tão interessante. Já para aumentar o poder de ação em busca da mudança, devemos também ter foco, direcionando tempo e energia para aquilo que temos controle, ao invés de reclamar do que não se pode controlar. A organização também é fundamental, pois ela ajuda a definir prioridades e a colocar em prática aquilo que se elegeu como principal.
Em suma, a palavra de ordem é planejamento.

19 comentários:

  1. Olá Sérgio!

    As mudanças mexem sempre com as pessoas, sejam elas mais ou menos desprendidas ou estejam mais ou menos preparadas. A intensidade com que as afecta é que é diferente. Penso que as mudanças físicas - mudar de cidade, por exemplo - afecta pouco pessoas que sejam práticas e facilmente adaptáveis. No entanto, as mudanças que enquadram quebra de laços - um casamento que se desfaz - já afecta mais igualmente todas as pessoas, embora eu pessoalmente continue a pensar que as pessoas práticas se restabelecem mais facilmente.

    Excelente crónica.

    Grande abraço
    Luísa

    ResponderExcluir
  2. Te conheço apenas virtualmente, mas já percebi com clareza que você é prática. Isso ajuda muito a ser mais desprendida e não menos sentimental.
    Tenho por ti um carinho especial exactamente por isso.

    Obrigado!

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  3. Sérgio... adorei o post porque trata de um assunto que atualmente anda mechendo de mais com as pessoas.
    A adaptação a mudança é um processo inevitável, mas como tudo na vida, se estamos preparados para o que der e vier, a adaptação a estas mudanças é mais fácil.
    Deixar a zona de conforto é muito dolorido para as pessoas... e como disse a Luísa as mais práticas, qeu apostam na mudança como aprendizado e sendo necessária a aceitação é mais rápida e a adaptação mais tranquila.
    Beijo no coração

    ResponderExcluir
  4. Olá minha querida Valéria,

    A adaptação pode ser mais tranquila, porém nem sempre menos traumáticas. O grande ideal, e é o que tenta passar no seu estudo o psicólogo Frederico Porto, é da necessidade de se prever que mudanças vão acontecer, querendo-as ou não.
    Pode-se evocar Darwin, Jung e muitos outros estudiosos na área, mas queira ou não, tudo muda.
    Tudo passa.

    Obrigado pelo carinho!

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  5. Olá Sérgio,
    Gostei muito da sua postagem, principalmente por ela ter sido para mim agregadora de conhecimento. Acho este tema muito relevante e estou justamente vivendo nesta fase do 'friozinho na barriga" devido algumas boas novas, que ainda bem que são boas...Mas quem me dera ser prática para passar por elas com tranquilidade e despreendimento.
    Grande abraço
    Rosi
    :)

    ResponderExcluir
  6. Nelson, vc citou:

    "Os indivíduos resistem à transição e não à mudança em si. Até quando as mudanças são para melhor, passamos pela transição".
    ----------
    Pensemos: eu me enquadro bem nesse pessoal que resiste às transições. Adoro mudar, mas o custo (stress) da mudança às vezes me desestimula. Muitas vezes, isso configura-se como preguiça, outras como má-vontade.

    Se eu posso mudar de uma casa já sem espaço para uma casa mais confortável, eu me animo. Mas, e o estresse da mudança?? Carregar móveis, descartar os papéis inúteis, objetos sem utilidade, acessórios obsoletos, roupas para doação. Buscar e contratar transporte para os móveis, pagar despesas aleatórias. Reinstalar os móveis!!

    Simplesmente usando esse exemplo corriqueiro, já diagnostico em mim essa dificuldade em enfrentar "transições". Me apavora a idéia de bagunça e coisas fora do lugar, ainda que seja por uma boa causa.

    Abçs!!

    ResponderExcluir
  7. Rosi,
    Fico feliz por serem boas novas. Que esse "friozinho na barriga" se transforme em confiança e tranquilidade.

    Obrigado!

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  8. Ebrael,

    Preguiça e má vontade de passar por transições, mesmo que para melhor, é um fato mais comum do que se imagina. Mas se é estressante, talvez não seja tão bom assim. Criar hábitos é comum e se despojar deles pode ser cansativo e confesso que muitas vezes sinto preguiça em fazê-lo também.
    Só de ler seu comentário já me deu preguiça de uma possível mudança de casa. rs*

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  9. Saudações!
    Que Post Fantástico!
    Amigo Sergio, gostei muito de ler a matéria. Penso que em essência o ideal é ter coragem para antecipar a decisão rumo à mudança almejada para que as conseqüências sejam menores, embora não saibamos fazer a leitura do desdobramento.
    Parabéns pelo excelente texto!
    Abraços,
    LISON.

    ResponderExcluir
  10. Preparar-se para as mudanças, sem dúvida, é a melhor maneira de se fazer um transição equilibrada para uma nova etapa da vida.

    Obrigado pelo carinho!

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  11. Compadre Sérgio, é um prazer estar aqui, desculpa a net e o relógio não me permitir a frequência que eu gostaria...

    Tenho um grande amigo espiritual que atende pela alcunha de SR Rubro, que sempre diz:

    O mundo está em franco movimento...
    Mecha-se... nem que seja pra sair da frente dos outros!

    Tô com ele.

    Forte abraço,
    seu compadre,
    Fernando.

    ResponderExcluir
  12. Olá Compadre Fernando,

    Minhas atividades também não me permitem estar em todos os lugares que gostaria.
    Seu grande amigo espiritual tem toda razão, o mundo gira, e mecha-se sim, mas nem sempre saia da frente dos outros, talvez essas pessoas gostariam que você estivesse na frente delas.

    Adorei o comentário!

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  13. É, ele não pára. Em nada. Continua girando sem dó da gente, né?
    O medo da mudança também se aplica às questões de apego que - implicitamente - pode significar perda. Daí, a vontade em "parar o mundo". Outra coisa que pesa é,que na verdade, não sabemos o nosso real valor. Pra que tanto esforço se no final vai dar em nada?
    Então nos resta focar sempre, desejar alcançar cada meta estabelecida, passo a passo, pra que o mundo particular de cada qual se faça presente na roda gigante e assim nos tornarmos cidadão do mundo e como você muito bem mencionou, naquilo que podemos tocar, mudar e vivenciar.

    ResponderExcluir
  14. Planejar é o centro de tudo, no entanto, esse pré-requisito à mudanças ou transições precisa vir acompanhado da lucidez, do domínio de si próprio.

    Quase que como um espelho, é indiscutível que tu se olhe e vislumbre desejo por mudares, por querer algo novo em tua vida...

    Um beijo carinhoso,
    Maria Souza - Porto Alegre - RS

    ResponderExcluir
  15. Querida Maria,

    Não pode haver mudança se antes não houver o querer mudar.
    Como bem disse, è preciso olhar para dentro de si e detectar o que precisa ser mudado.
    Mas por vezes, as mudanças são impostas, e são nessas imposições que Frederico Porto analisa a necessidade de adaptar-se.
    Pelo pouco que conheço de ti, sei que soube se adaptar às mudanças que ocorreram na sua vida [aposentadoria], mas teve, de algum modo, que haver uma transição do que era para o que veio a ser.

    Obrigado pelo carinho!

    Um forte abraço e um carinhoso beijo!

    ResponderExcluir
  16. Quando casei,parece que pisei num patinete e saí, rodando,fazendo curvas,tentando me equilibrar e seguindo em frente. Só parava nas estações onde o trem, ficava apenas o tempo necessário para receber novo itinerário e eu, tinha que me decidir, se iria topar mais uma viagem/mudança, ou não.Quando ele partia, eu sempre estava dentro dele. Por escolha, lutava para evitar a sensação de ficar presa ao chão,enxugando lágrimas e vendo o trem partir. Se eu tivesse que chorar, tinha que ser com esperança de mudar pra melhor e como companheira de alguém! Mesmo porque, onde quer que eu fosse, sempre olhei ao redor em busca do que aproveitar, para criar algo de bom para mim, ou para quem estava comigo.
    O tema "mudanças" fazia parte da minha vida. Eu o vivia intensamente e aprendia com ele. Há 15 anos atrás - atendia pessoas em consultório, trabalhando com relaxamento, massagem integrativa e consciência corporal.Parecia que eu havia encontrado meu lugar. Então, nova mudança se impôs, pra muito mais longe, tão longe que minhas palavras parece que não foram comigo... Houve um grande período de silêncio, meditação, excessivo trabalho e artesanato.
    Esta crônica, parece saída da minha alma. Só queria saber escrever como você e Frederico Porto para, objetivamente, fazer da vivência, algo útil a mais pessoas. Tô indo devagar.. reencontrando as palavras, precisando aprender a economizá-las, porque, às vezes, saem aos borbotões. Criei meus Blogs, porque seriam úteis para mim- queria mostrar as palavras..as fotos..
    Após tantas mudanças percebo que hoje,finalmente olho ao espelho, mas vejo uma mulher que parece não ser eu mesma,de tão velha, contudo eu a aceito e começo a me orgulhar dela. Sabe porque? Porque estou aprendendo que todos os caminhos me levavam a compreender,o que apenas intuia, e só hoje sei: a vida e força que eu admirava no exterior e no outro, estão também naquela refletida em minha frente - ela quer ser amada sim, pelo que é, e aceita com todos os seus limites, porque não precisa ser perfeita. Assumir que eu, que pensava saber amar a todos, algumas vezes a negligenciei, como quem deixa alguém lá atrás,na estação, foi a maior mudança que tive que encarar, na minha vida!

    Sérgio, você escolheu bem o tema : A vida é Movimento, sim! Requer coragem, flexibilidade e eu diria que também requer um olhar benevolente para si mesmo,não para o acomodar-se mas, antes da ação.
    Ótima crônica. Obrigada, me fez recordar...
    Abraço, Vera.

    ResponderExcluir
  17. Minha querida,

    Isso não foi um comentário. Foi um depoimento, um texto, uma crônica ou sei lá o quê.
    Foi lindo. Você descreveu o artigo com uma sensibilidade e tamanha perspicácia, que ficou até melhor que meu texto. Se não sabe escrever, ninguém mais sabe neste planeta.

    Parabéns por ter aceitado e se adaptado às mudanças à sua vida.

    Desejo muita paz e sucesso para você!
    E agradecer de coração pelo que acabei de ler.

    Um forte abraço e um carinhoso beijo!

    ResponderExcluir
  18. Mundança! Palavra básico em tantos enredos de nossas vidas, não! Eu sou prova disto! O bacana deste post é que fala justamente de saber aproveitar, ser positivo, em tudo que transitou na vida da gente; seja positivou ou negativo. Saber admnistrar o turbilhão de situações que o mundo nos jorra é a grande premissa. Difícil é quando a emoção se mete. Eu já pisei na bola com mudanças rsrs E aprendi!

    ResponderExcluir