14 de outubro de 2009

Brasil, um país que ainda não viu o futuro

Profecias para o Brasil

Algumas coisas singulares que tornam o Rio tão colorido e pitoresco já estão ameaçadas. Sobretudo as favelas, as zonas pobres no meio da cidade: será que ainda as veremos daqui a alguns anos? Os brasileiros não gostam de falar delas, do ponto de vista higiênico certamente apresentam um atraso em meio a uma cidade que brilha de limpeza e onde, graças a um serviço sanitário exemplar, a febre amarela antes endêmica foi erradicada ao longo de duas décadas. Mas as favelas dão um colorido especial a esse caleidoscópio, e pelo menos uma dessas estrelas no mosaico deveria ser conservada por representar um pedaço de natureza humana em meio à civilização.

Este é o primeiro parágrafo de um capítulo intitulado "Algumas coisas que amanhã já poderão ter desaparecido", que tiro do livro Brasil, Um País do Futuro, escrito por Stefan Zweig, e publicado em 1941.

Tem mais. Ele prevê (com acerto) o fim da notória Zona do Mangue. Eis, entretanto, um trecho de suas impressões sobre a clássica região do meretrício.

...o mais surpreendente, a característica mais tipicamente brasileira nesse mercado é a calma, a tranqüilidade, a disciplina serena; enquanto nesse tipo de ruelas de Marselha ou de Toulon ecoam risos, gritos, berros e gramofones enlouquecidos, enquanto os fregueses bêbados gritam, aqui todos são calmos e moderados.

Supreendente, de fato.

Por Marcelo Coelho

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