19 de janeiro de 2010

Energia suja para mentes obscuras

O Delírio Nuclear

Com os reservatórios das hidrelétricas cheios e investimentos em usinas de grande porte, o risco de racionamento de energia parece remoto no Brasil. Nada faz o governo desistir, no entanto, da ampliação da matriz energética nuclear. A direção da Eletronuclear anunciou que as obras de construção da usina Angra 3 devem começar em fevereiro. Segundo a empresa, será necessária apenas uma licença de construção da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) porque a obra já foi autorizada pelo Ibama.

Os defensores da nova usina também conseguiram superar a resistência de alguns setores do governo federal à obra, com o devido respaldo da Casa Civil da Presidência da República. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, foi voto vencido na reunião do ministério e teve de se contentar com a garantia de medidas para mitigar o impacto ambiental da obra.

Sob as diretrizes do Ministério das Minas e Energia, a comissão de energia nuclear também iniciou a prospecção de novas áreas para a instalação de usinas no país. O grupo identificou um bom potencial na bacia do São Francisco e obteve o aval preliminar da ANA (Agência Nacional das Águas) para projetar investimentos na região, pois haveria recursos hídricos suficientes para garantir o funcionamento de novas usinas.

Mas o Brasil terá esgotado todas as possibilidades de ampliação de outras matrizes energéticas?

No entendimento do Palácio do Planalto, especialmente da ministra Dilma Rousseff, não é esta a discussão que importa. Ela acredita fervorosamente que o investimento em energia nuclear é uma necessidade estratégica do país para garantir a transferência de tecnologia e a participação em um clube seleto de nações.

Novamente, portanto, o Brasil tende a adotar critérios políticos, em vez de técnicos, para a definição de investimentos no parque de geração de energia, repetindo o erro cometido pelo regime militar. Naquela oportunidade, o ex-presidente Ernesto Geisel imaginou que poderia utilizar o acordo comercial com a Alemanha para a instalação de usinas nucleares como trampolim para uma pretensa autonomia tecnológica.

A megalomania do regime militar resultou em gastos de cerca de US$ 10 bilhões e transformou a costa sul de Angra em área de litígio ambiental permanente. No caso de Angra 3, por exemplo, o Ministério Público Federal no município fluminense entrou com um ação civil pública contra a Cnen alegando que a licença para a obra foi concedida sem a elaboração de um parecer técnico sobre a segurança da usina.

Vale a pena reproduzir em outra região do país, especialmente no já confragrado Vale do São Francisco, toda a polêmica envolvendo a geração de energia nuclear? Até hoje, o governo não deu uma resposta convincente sobre o tema.

3 comentários:

  1. Óla amigo!!sobre o assunto abordado não irei opinar, a te porque não tenho entedimento sobre o mesmo,mas lhe parabenizo-o pelo blog e pelas postagens aqui encontradas,sei que vindo de você o assunto é sempre de grande importância. um abraço da kacal

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  2. Caro amigo Sérgio Soares,

    Meu nome é Denir Morais , moro na cidade de Paulo Afonso que uma das principais cidades onde o rio São Francisco toca o seu leito , além de ser considerada por muitos como o "coração" da CHESF, e o que você redigiu no último parágrafo de seu texto é totalmente verdade, mas só não gostei de uma coisa,gostaria de ver um texto seu falando sobre a hipocrisia do governo de não reconhecer que o rio São Francisco está assoreado, você precisa ver o esgoto jogado no rio é uma visão deprimente!,somente quem convive com esse fato sabe realmente o que etá acontecendo!, fale sobre a Transposição do rio São Francisco, tá certo?! .Pois bem!, gostei do que você disse e assino embaixo com todo fervor, estou com você amigo!.

    Cordialmente,

    Denir Morais.

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  3. Caro Denir Morais,
    Ninguém melhor para ilustrar o texto do que alguém que convive com este problema.
    Quanto à sua sugestão; acatada!
    Em breve publicarei um texto a respeito, tenho muito a dizer sobre o assunto.

    Um forte abraço!

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